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19 de Maio de 2024
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    Racismo não pode. Ok. Mas e o machismo?

    Publicado por Moema Fiuza
    há 10 anos

    Racismo no pode Ok Mas e o machismo

    Curiosa a reação de alguns dirigentes do Cruzeiro aos erros da auxiliar Fernanda Colombo Uliana no último domingo, no clássico contra o Atlético na Arena Independência. Após um erro crasso da bandeirinha em lance que poderia ter resultado em gol para o Cruzeiro, a revolta tomou conta de Alexandre Mattos, diretor de futebol do Cruzeiro.

    É correto bradar contra a arbitragem brasileira, a cada fim de semana acumulando erros e mudando resultados de partidas. Mas é correto julgar o erro de uma auxiliar mulher dando destaques aos atributos físicos dela? “Que vá posar para a Playboy”, disse Mattos. Em fevereiro o Cruzeiro fez bela campanha contra o racismo depois de Tinga ter sido vítima numa partida da Libertadores no Peru contra o Real Garcilaso. Se fosse negro o auxiliar a errar contra o Cruzeiro no domingo duvido que as reclamações teriam algum tom de preconceito como aconteceram contra a auxiliar catarinense somente por ela ser bonita.

    Não faltam exemplos de árbitros e auxiliares homens que são alvos da ira de dirigentes após erros recorrentes. Porém em algum desses casos se usa alguma atribuição física desse árbitro para criticá-lo? Confesso que não me lembro de nenhum.

    Há os casos dos árbitros Anderson Daronco, o “juiz fortão” ou de Guilherme Ceretta de Lima, o “juiz modelo”, mas nenhum deles quando erra ouve nas críticas que tais equívocos foram cometidos por estarem preocupados “em aparecer”, como aconteceu com Fernanda Colombo nas palavras de Mattos.

    O futebol brasileiro é um antro do machismo. Árbitras e auxiliares mulheres já tiveram oportunidades antes de Fernanda Colombo. Erraram tanto quanto seus pares homens. E aí, quando a crítica precisava ser apenas às atuações, como acontece quando o responsável pelo erro é um homem, cai-se no erro absurdo de dizer que o problema é ter uma mulher no futebol.

    A imprensa esportiva, não toda, mas em muitos casos, colabora para que se tratem como naturais as palavras do diretor cruzeirense. “Bandeirinha musa mostra demais”, “pose indiscreta”. O jornal “Extra” publicou uma nota em seu site recheado de machismo. O Fabio Chiorino falou em outro texto no Esporte Fino sobre o desserviço prestado nesse caso. Esqueceu-se do compromisso do jornalismo esportivo em mostrar o lance em que Fernanda errou para dar destaque à sua beleza.

    Fernanda Colombo já mostrara na quarta-feira passada, em São Paulo x CRB pela Copa do Brasil, que não vive um bom momento técnico. Errou na marcação de impedimentos claros, como o do clássico mineiro. O certo, como em qualquer ramo de atividade, seria afastá-la. Que treine, se recicle, estude as regras. Medida igual a que deveria ser feita com qualquer árbitro homem que cometa falha graves em sequência. O erro também é de quem comanda a arbitragem brasileira, da CBF em escalá-la num jogo grande se está claro que ela não está preparada.

    Ana Paula Oliveira teve a carreira encerrada depois de errar em jogos importantes há alguns anos. Virou árbitra de partidas amadoras, de encontros de empresas, jogos festivos. Posou para a Playboy, sim. Mas posar nua não é nenhum demérito. Não foi dada outra chance a ela.

    Mas e os árbitros homens que erram? O que acontece com eles? Emerson Augusto de Carvalho, bandeirinha que num clássico entre Santos e Corinthians em agosto de 2012 não viu um triplo impedimento em lance de gol do Santos está escalado para trabalhar na Copa do Mundo. Na época foi achincalhado, afastado, mas teve uma segunda chance. Algo impensado para Fernanda Colombo, que pecou por ser mulher num ambiente machista.

    Fonte: http://esportefino.cartacapital.com.br/fernanda-colombo-cruzeiro-machismo/?fb_action_ids=75005279504...

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    22 Comentários

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    E existe machismo?, aonde?
    Existe sim é muito egocentrismo no coletivo ignorante.

    Explico:
    Uma certa cantora homossexual se definiu como o "Homem" na relação homossexual que mantém, ora Ela é mulher e a outra também é mulher, então como estas pessoas podem se autodefinirem de uma coisa que elas criticavam as outras (do sexo masculino) por se autodefinirem e por serem realmente homens.

    É tanta hipocrisia e haja ignorância e perca de identidade do eu. continuar lendo

    Ué.
    Se a árbitra bonita erra, vai pousar na playboy.
    Se for homem devia posar na Gay. Porque não?
    Direitos iguais.
    E já vai tarde. continuar lendo

    Excelente................chega de hipocrisia........ continuar lendo

    Lamentável. Ao ser entrevistada, SEMPRE vem aquela pergunta clichê: "você leva muita cantada?"
    Ora essa! Claro que leva. Como qualquer mulher, bonita, feia, magra, gorda, não interessa!
    Mas só levam em consideração o sexismo.
    Vivemos em pleno século XXI, onde a mulher ainda tem que batalhar por um mínimo de respeito continuar lendo

    Um bom começo seria procurar se destacar em profissões pela competência, e não pela indisfarçável exploração de seus atributos físicos, que a TV mostra para todo o país, pouco se importando com suas deficiências técnicas. O próprio sucesso, pós-futebol, da Ana Paula, mostra que mais do que a intenção de obter sucesso na profissão, o objetivo é fazer do futebol um mero trampolim para outros vôos. O machismo começa nelas próprias, que colocam na vitrine a mercadoria que o mundo "machista" demanda. ELA sabe o quanto é péssima nessa profissão, mas nem se importa, porque é o preço a pagar para tentar triunfar em outra. Azar do futebol, graças aos idiotas que caem nessa esparrela (CBF, comissão de arbitragem, imprensa) e permitem que isso aconteça. continuar lendo

    Ok. Existe sexismo sim. Porém, não se pode analisar esse caso apenas por uma faceta simplista. Desde o início do século passado, as mulheres lutam (com toda razão) por tratamento igual aos homens. Os atores de uma partida de futebol (árbitros, jogadores, treinadores, etc.) sempre estão sujeitos a serem ofendidos de uma forma que, que se fosse em outro ambiente, seria tomado como um crime contra a honra. Porém, a sociedade da uma certa 'imunidade' quanto a paixão futebolística está em jogo. Alguém crê que quando qualquer trabalhador comum se apresenta para trabalhar e as demais pessoas começam a gritar em coro: "filho-da-@@@@@" ou então "vai tomar no @@@@", não seria um tremendo assédio moral? Pois bem, no futebol, basta o árbitro entrar em campo para ouvir esse tipo de 'ovação', é bonito? Claro que não. É aceitável? Acontece sempre e todos (mesmo não gostando) aceitamos. Agora, como parte das recompensas de tratamento igualitário entre os gêneros, arduamente conseguido pelas mulheres, está o de serem xingadas em campo de futebol. Como consumidor do produto futebol, acho a Fernanda uma péssima profissional e creio que deveria seguir outra carreira, porém, eu não teria a ousadia de sugerir (como fez o Alexandre Matos) que ela fizesse o mesmo que a Ana Paula fez quando se encontrou numa situação semelhante. continuar lendo

    Gilmar, simplesmente sublime, entretanto substituiria apenas 2 palavras do seu comentário:
    Sexismo por feminismo e igualdade por superioridade. Para mim, as que tu empregastes são meros artifícios de marketing, muito usados pelas mulheres. Chavões. Rótulos usados para não se exporem a verdade.
    O triste é ver que, se um homem errasse tão cassamente por mais de uma vez, sofreria punição e ponto. Mulheres, vão para a playboy. Isto sim considero um tremendo erro dos homens em geral. continuar lendo